Posicionamento da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia sobre o manuseio da asma em vigência da pandemia de coronavírus

O atual surto de doença viral causada pelo SARS-CoV-2 (COVID-19) tem gerado preocupação e dúvidas nos portadores de asma, especialmente em relação à continuidade ou não do tratamento. Pensando nisso a SBPT vem a público esclarecer alguns pontos:

1. A asma é doença inflamatória crônica e deve ser tratada com o uso de medicamentos preventivos, como os corticoides inalatórios, isolados ou associados a broncodilatadores, conforme recomendação recentemente publicada pela SBPT e sociedades internacionais. O tratamento da asma deve ser mantido em vigência de infecções virais já que elas são causas frequentes de crises de asma.

2. O tratamento do broncoespasmo por asma deve ser pautado no uso de agentes beta-2 agonistas de curta duração e anticolinérgicos, preferencialmente administrados via inalador dosimetrado e espaçador. O uso do corticoide oral ou endovenoso deve seguir as recomendações das diretrizes para tratamento da asma, já que acelera a resolução da crise e impede sua recidiva.

3. No protocolo da Organização Mundial da Saúde de manuseio da COVID-19 não se recomenda o uso de corticoides em pacientes com pneumonia viral, pela sua interferência na queda da carga viral, EXCETO QUANDO OS PACIENTES TAMBEM APRESENTEM EXACERBAÇÃO POR ASMA E DPOC. Nessa situação, o risco-benefício do seu uso, deve ser considerado.

4. Os portadores de asma estão incluídos no grupo de risco para complicações, e devem seguir as orientações recomendadas aos portadores de doenças crônicas, tais como manter-se em casa e fazer atividades na forma de home-office. Parentes saudáveis devem ser incumbidos de buscar receitas, evitando a necessidade de comparecer à consulta médica.

5. O paciente asmático deve seguir todas as recomendações determinadas pelo Ministério da Saúde em caso de febre e sintomas respiratórios, além de ajustar o tratamento da asma, se necessário, conforme recomendações feitas pelo seu médico. Nos casos graves com febre alta e falta de ar, o paciente deve procurar serviço médico.

Referências

1. Zhou F, Yu T, Du R et al. Clinical course and risk factors for mortality of adult inpatients with COVID-19 in Wuhan, China: a retrospective cohort study. Lancet. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(20)30566-3.

2. Wang D, Hu B, Hu C, et al.Clinical Characteristics of 138 Hospitalized Patients with2019 Novel Coronavirus-Infected Pneumonia in Wuhan, China. JAMA. Published online February 07, 2020. doi:10.1001/jama.2020.1585


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