INALOTERAPIA EM TEMPOS DE COVID-19 – CONSIDERAÇÕES SOBRE A UTILIZAÇÃO DOS SPRAYS DOSIMETRADOS

INALOTERAPIA  EM TEMPOS DE COVID-19 – CONSIDERAÇÕES SOBRE A UTILIZAÇÃO DOS SPRAYS DOSIMETRADOS

Dr. Paulo Silva

Hospital da Criança Conceição Porto Alegre 

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* NEBULIZAÇÃO - Não recomendada (em tempos de COVD ) pela Sociedade Brasileira de Pneumologia pelo potencial de contaminação do ambiente  através da partículas aerosolizadas.

* SPRAYS - Recomendados pela Sociedade Brasileira de Pneumologia para substituir a  nebulização em tempos de COVID 19.

IMPORTANTE !!! - Este procedimento no entanto requer que a  INALATÓRIA seja OTIMIZADA e executada com CUIDADOS ADICIONAIS.

 

OTIMIZAÇÃO DA TÉCNCA INALATÓRIA (itens principais a considerar)

1- MÁSCARA FACIAL deverá estar JUSTA À FACE do paciente durante todo o procedimento (evitando assim que haja escapamentos). 

Sabe-se que um afastamento da máscara da face da ordem de 1 cm pode levar a perda de 50% da medicação através do espaço deixado (1) (que ao mesmo tempo funcionará como uma "janela de escapamento" de partículas para o ambiente (indesejável em tempos de Corona - vírus)

2- A BOCA deverá estar ABERTA (e não SEMI-ABERTA) ao receber cada jato.

3- Orientar o paciente que a RESPIRAÇÃO deverá ser LENTA E PAUSADA (inspiração e expiração) a cada jato do spray e assim durante o total de jatos prescritos (o executor deve demonstrar isto ao paciente antes de iniciar o uso do spray).

 

CUIDADOS ADICIONAIS

* POSICIONAMENTO DO PROFISSIONAL EXECUTANTE JUNTO AO PACIENTE DURANTE O PROCEDIMENTO (S)

O Profissional que realizará o procedimento junto ao paciente deverá adotar uma de duas posturas de posicionamento pessoal para sua execução – dependendo do tipo de espaçador a ser utilizado;

- Se ESPAÇADOR COM VÁLVULA EXPIRATÓRIA na MÁSCARA - Neste caso o posicionamento deverá ser LATERAL AO APARELHO

- Se ESPAÇADOR COM VÁLVULA EXPIRATÓRIA no CORPO DO APARARELHO - o posicionamento deverá ser FRONTAL AO CORPO DO APARELHO

* VESTIR MÁSCARA CIRURGICA E ÓCULOS (que deverá ser higienizado após cada procedimento)

* ESTIMULAR O FAMILIAR/PACIENTE A EXECUTAR O PROCEDIMENTO e SUPERVISIONAR verificando se a técnica está adequada, chamando atenção para que seja feita de forma correta!

 

CONSIDERAÇÕES SOBRE A POSSIBILIDADE DE USO DE ESPAÇADORES ARTESANAIS (GARRAFINHAS)

A era COVID exigirá dos sistemas de atendimento de emergência, uma posição com relação ao método de esterilização dos espaçadores que como sabemos não podem ser autoclavados (o que seria ideal para este momento).

Cada local terá de considerar as suas possibilidades tomando como base a necessidade total de individualização e descarte do material utilizado e na impossibilidade da execução do procedimento padrão de autoclavagem. Não temos estudos sobre estes materiais especificamente (Sprays).

Nos veio a mente a situação por nós vivida anterior a disponibilidade dos espaçadores valvulados hoje tão difundidos e presentes em nossas emergências: poderia a utilização dos espaçadores artesanais as “garrafinhas” pelo uso individualizado, baixo custo e possibilidade de fácil descarte poderem vir a ser uma alternativa? A resposta é um imenso SIM!

Quais são os argumentos que dão respaldo a esta afirmativa? 

Os espaçadores valvulados funcionam como selecionadores de partículas pequenas que tem o poder de penetração profunda na via aérea, um critério importante quando se quer veicular os corticoides inalados. E no caso dos broncodilatadores? Não é necessário que esta partículas sejam de dimensões tão pequenas posto que a maior quantidade de receptores B-adrenérgicos se encontra em via de maior calibre como bem desctito pelo professor Usmani (2). Os espaçadores artesanais não fazem esta seleção e presumivelmente oferecem um grande um maior número de partículas maiores que segundo ele são inadequadas para os corticóides inalados mas adequados para os BD e assim dando respaldo esta possibilidade.

Bisgaard H. 1994. European Respiratory Review 4:15-20

Usmani OS, Biddiscombe M F, Barnes PJ. Regional Lung Deposition and Bronchodilator Response as a Function of _2-Agonist Particle Size. American Journal of Respiratory and Critical Care Medicine 2005 vol 172 pp 1497–1504.

 

CRISE DE ASMA SEVERA

A crise de asma severa impede a geração de fluxos inspiratórios maiores pelo paciente e pelo stress gerado, dificulta a coordenação tão necessária para o bom aproveitamento técnico dos sprays. Estes fatos foram parcialmente resolvidos nesta situação com a utilização de espaçadores. Esses pacientes no entanto devem preferencialmente serem tratados utilizando nebulização até que sua situação deixe a fase crítica.(3) possibilitando também utilizar o Oxigênio como drive.

3. Virchow JC. Respiratory Medicine 2004;98:528-534

Forma Correta

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Posicionamento lateral



Utilização da Peça Bucal

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ERROS DE TÉCNICA MAIS FREQUENTES

1- Conversar durante o procedimento

2 - Realizar o procedimento deitado ( que promove a queda da base da língua para trás e assim obstruído a passagem do nebulizado)

3 -Mascara Afastada da face

4 - Manter a Boca fechada – a respiração nasal resultante retém quase a totalidade das partículas aerosolizadas

5 - Manter a Boca semi-aberta

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